Aquisição de Linguagem
Aquisição de Linguagem
Aquisição de linguagem não é caótica, aleatória. O fato de
as crianças, por volta dos três anos, serem capazes de fazer uso produtivo de
suas línguas suscita a questão como estas línguas são aprendidas, adquiridas. É
a essa questão que as teorias de aquisição tentam responder.
Alguns pontos que
determinam as atitudes dos estudiosos em aquisição da linguagem, como por
exemplo:
"0 que nos dados a que foi exposta a levou a fazer
isso?"
"0 que mudou nos enunciados de tal maneira que
escolhesse a gramática errada?"
"Como, por
contraste, nos casos de continuidade, a criança chega a mesma gramática dos
pais?"
"Quais as estratégias usadas para a fixação de
parâmetros pela criança?"
Para tentar resolver problemas como os citados, surge a
Hipótese da Maturação (FELIX 1984; BORER e WEXLER, 1987; MANZINI, 1987), na
qual os estágios de desenvolvimento da Linguagem seriam determinados por
fatores maturacionais inerentes.
- · A introdução, ou maturação, de um princípio faz com que a criança reorganize a gramática de acordo com ele, o que a habilita para um novo princípio, gradativamente tornando-os ativos e forçando uma interpretação particular da linguagem. A diferença fundamental com a Hipótese da Continuidade, na Hipótese da Maturação, os princípios da Gramática Universal não estão disponíveis para a criança em todos os estágios do desenvolvimento.
A capacidade de uma pessoa adquirir a linguagem é cognitiva,
o domínio de uma língua é instintivo e inato, constitui uma invenção cultural,
cuja habilidade é falar, aprender e compreender, além de interpretar.
Língua de prestígio: aquela que possui normas e regras.
Língua de desprestígio: em que há um preconceito linguístico
e estigmas.
A língua pode ser interna e externa, segundo Chomsky:
·
A língua interna
é individual cognitiva, mental e psicológica, esses aspectos são intrínsecos ao
homem.
·
A língua externa é sociocultural, compreendem-se
os sons, palavras, regras gramaticais e escrita gerando comunicação e
interação, passando pelos aspectos cognitivos, psicológicos e socioculturais.
“Todo falante domina
implicitamente um sistema muito detalhado e preciso de procedimento formais de
agrupamento e interpretações de expressões linguísticas. Esse sistema é
constantemente usado, de modo automático e inconsciente, para produzir entender
novas sentenças, uma característica do uso comum da linguagem”. (CHOMSKY, 2006)
Vejamos a evolução da linguagem de uma criança:
IDADE
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ETAPAS
DO DESENVOLVIMENTO DA LINGUAGEM
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1 mês
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Choro, gritos; segue a
face e os sons.
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2 meses
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Palra.
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4 meses
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Ri com intenção.
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6 meses
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Imita o que ouve à
volta; vocaliza com entoação; responde quando se chama pelo seu nome; sons
monossilábicos como “papa” ou “mama”, mas sem significado.
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9 meses
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Primeira palavra
geralmente aos 10 meses; compreende o “não “; usa “papa” e “mama” com
significado.
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12 meses
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Compreende ordens
simples, principalmente se forem acompanhadas de gestos; diz uma ou duas
palavras para além de “mama” e “papa “; muitas palavras não são
compreendidas, mesmo pelos pais.
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Usa 4 a 6 palavras; percebe ordens simples mesmo se não forem
acompanhadas por gestos; utiliza entoação e ritmos na frase.
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18 meses
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Diz 5 a 20 palavras; identifica pelo menos uma parte do corpo;
associa 2 palavras como “não está” ou “não quero “.
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24 meses
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Diz pelo menos 50 palavras. Algumas crianças já utilizam até
300 palavras; compreende ordens duplas como “vai buscar os sapatos a dá-os ao
pai “; pode utilizar frases com 2 ou 3 palavras e com verbos; A maioria do
que a criança diz continua não se perceber; utiliza o “eu “.
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3 anos
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Diz pelo menos 250 palavras. Algumas crianças podem já saber
1000 palavras; compreende o conceito de “dois “; compreende “em cima”, “em
baixo “, “ao lado “, “atrás “; a maioria do que a criança diz é percebida por
todos; sabe nome, sexo e idade; constrói frases com 3 palavras; usa o plural
e o tempo passado; repete sequência de 3 algarismos.
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3/4 anos
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Já articula bem as
consoantes e as vogais; constrói frases bem estruturadas; utiliza o “porquê
“; conhece uma ou mais cores.
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Fonte: O Livro dos Pais, Paulo Oom, 2013
Agora fica atento(a) a sinais de alerta sobre a aquisição da
fala da criança:
INDICO ESSES VIDEOS PARA VOCÊ SABER MAIS SOBRE AQUISIÇÃO DE
LINGUAGEM:
A estrutura silábica no processo de Aquisição da linguagem
e os verbos causativos
O desenvolvimento da língua se dá
por meio da estrutura silábica, causatividade e das estruturas relativas. Uma
das hipóteses de como uma criança adquire linguagem, mais precisamente a fala,
é por meio dos sons, ou seja, a fonologia está fortemente ligada no processo de
aquisição da linguagem pelas crianças, assim como os aspectos segmentais como
os fonemas da língua portuguesa, que também são de grande importância para o
processo de aquisição de linguagem.
A sílaba é, sem dúvida uma unidade
no complexo língua - fala. É uma unidade difícil de se definir, mas que remota
à própria antiguidade greco-romana, quando a elaboração da escrita dita
silábica, base para a formação da escrita fonética ou fonológica como as hoje
conhecidas (FERREIRA NETTO, 2001.)
Estrutura silábica diz
respeito à organização das vogais (V) e das consoantes (C) na formação de
sílabas das palavras. As línguas apresentam diferentes estruturas
silábicas. No caso do português, há sílabas que são constituídas pela
estrutura Consoante-Vogal, a sílaba CV, como as sílabas da palavra sala (sa-la,
que apresenta duas sílabas CV). Há outras estruturas silábicas possíveis
na nossa língua: V (u-va), VC (es-co-la),
CVC (car-ta), CCV (pra-to), CCVC (cris-tal),
CVCC (pers-pec-ti-va).
A sílaba é entendida não como uma
sequência de consoantes e vogais, mas como a estrutura abaixo:
Do ponto de vista da aprendizagem,
as variadas estruturas apresentam diferentes graus de complexidade. Estudos
apontam a sílaba CV, chamada de sílaba canônica, como sendo a mais frequente na
língua portuguesa. Por esse motivo, os alfabetizandos tenderiam a aprender
primeiro essa estrutura silábica. É comum, inclusive, que o
aprendiz generalize o uso de tal sílaba na escrita de outras estruturas
silábicas que não domina. Isso poderia ocorrer, por exemplo, na
escrita de palavras como pedra (peda), porta (pota)
e escola (secola), em que
as sílabas CCV (dra), CVC (por) e VC (es)
são grafadas, respectivamente, como sílabas CV (da, po e se).
É interessante notar que o processo
de aquisição varia muito pouco de criança para criança (os dados discutidos são
baseados nos estudos de Freitas, 1997; Santos, 1998,2001). Tanto no Português
brasileiro como no europeu, as crianças começam produzindo apenas sílabas CV, e
logo depois adquirem a sílaba V em posição de início de palavra (o ponto separa
as sílabas na palavra e a marca superior antes da sílaba indica sílaba
acentuada):
Abaixo
alguns exemplos de como as crianças começam a falar na ordem CV e logo depois
V.
[ e’si]= esse (R 1;6.6) Um ano,
seis meses e seis dias.
[a’ki]=aqui( T,1;5.21) um ano,
cinco meses e vinte e um dias.
[‘ga.tu]=gato(T.1;6.4) um ano, seis
meses e quatro dias.
A partir de uma ano e onze meses é
possível encontrar dados de estrutura V em posição não-inicial em R. e em T.:
[pa.’gai.u]=papagaio ( T.1;11.14)T=um ano, onze meses e catorze dias.
[‘lu.a]=ua (R.1;11.12)R=um ano, onze meses e doze dias.
Pode- se dizer que a criança sempre
começa a falar com base na constituição básica universal. Depois a criança
trabalha com o fato de que a posição da rima pode ramificar e aí têm-se CVC e
CVV. Essa ramificação é importante porque torna a sílaba pesada o que atrai o
acento em português.
Já em relação ao processo de
aquisição de linguagem por meio dos verbos causativos, que são verbos de
realizações, isto é, o verbo expressa as noções de um ato em que o sujeito está
envolvido e de mudanças de estado resultante deste ato. Por exemplo: “Maria
adormeceu a criança”, o verbo pode ser de causação explícita, como mandar, fazer, deixar,
ou implícita, como em “Pedro quebrou a vidraça”, onde se entende que Pedro
causou a quebra da vidraça (Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, 2009).
Segundo Figueira (1985), durante o
processo de aquisição da causatividade, a criança transforma sentenças não
causativas em causativas, e vice-versa. Num primeiro momento do processo de
aquisição (2;8 a 4;1), a criança usa verbos não-causativos como causativos. Em
um segundo momento (4;2 a 5), a criança segue mais frequentemente o caminho
contrário, isto é, tende a transformar construções causativas e não causativas.
Por volta dos seis anos, a criança
já ultrapassa essa etapa de desenvolvimento linguístico, aproximando-se da
gramática do adulto veja no exemplo abaixo em que A; aos 5;1.18 corrige J., sua
irmã menor (Figueira, 1885).
Situação: Cai espontaneamente um objeto da estante da sala, onde
estão J, A. e a mãe.
A: Ai, caiu!
J: Não fui eu que caiu.
Mãe: O quê J?
Situação: J. Calada.
A: Ela falou que não foi eu que caiu: Não fui eu que deixou
cair (6:1.18) (J.2;9)
Estruturas relativas
As estruturas relativas nos estudos da aquisição da
linguagem, têm sido objeto de pesquisa em psicolinguística, tendo em vista que
estas, são dominadas mais tarde pelas crianças. Uma dessas pesquisas trago
aqui, o trabalho de Iha (1979) e Vasconcelos (1995), que fizeram dois testes em
crianças brasileiras e portuguesas, onde no primeiro, o pesquisador lia-lhes
sentenças e elas deveriam repetir. No segundo, as crianças recebiam brinquedos
(um elefante, um urso e uma girafa, por exemplo) e deveriam fazer a ação
correspondente à sentença com os brinquedos. O teste tem por objetivo, testar a
compreensão das orações e pronomes relativos utilizados.
Por exemplo:
(1) o urso que empurrou o cavalo seguiu o elefante.
(2) o urso empurrou o cavalo que seguiu o elefante.
Em
(1), a oração relativa está no meio da sentença, enquanto em (2) a oração
relativa está à direita da oração principal. Em (1), o pronome relativo “que”
tem a mesma função que seu antecedente (sujeito da oração); enquanto em (2), o
pronome relativo é sujeito da oração encaixada, mas seu antecedente é objeto da
oração principal.
Repetição da sentença
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A criança de 3 e 4 anos tende a repetir:
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“O elefante empurrou o urso que seguiu a girafa.” (o sujeito da
encaixada é o objeto da principal- OS)
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“O elefante empurrou o urso e seguiu a girafa”
(repetição como se fosse coordenada)
|
A hipótese é que as crianças nessa faixa etária ainda não processam o pronome relativo. Entre cinco e seis anos, as respostas corretas tendem a aumentar.
- · Para o português brasileiro, lha propõe que:
O urso que empurrou o cavalo seguiu o elefante (o sujeito da encaixada é sujeito da principal- SS).
E que a estrutura SO a mais difícil, que seria a sentença:
O cavalo que o elefante empurrou pulou a girafa (o objeto da encaixada é sujeito da principal- SO
lha defende que a criança utiliza a estrutura básica NVN
para sustentar sua interpretação e se esta estrutura não é suficiente (porque o
pronome relativo não está sendo gravado), a criança preenche o elemento que
falta na relativa com o elemento da oração principal que cumpre a mesma função
que falta na oração relativa.
(3) 'O elefante empurrou o urso / que seguiu a girafa (OS)
onde N(elefante) V(empurrou) N(urso) /
V(seguiu) N(girafa).
Na sentença como (3), a criança tende a fazer com que o
elefante empurre o urso e siga a girafa.
PARA LER:
SANTOS, Raquel. A aquisição da linguagem. In: FIORIN, José
Luiz (org.) Introdução à Linguística. Objetos teóricos. Vol 1. São Paulo:
Contexto, 2006/2007, p. 211 – 225.
Empirismo
John Locke (1632- 1704) |
O nome empirismo vem do latim:
empiria (experiência) e -ismo (sufixo que determina, entre outras coisas, uma
corrente filosófica). Temos, assim, a “corrente filosófica da experiência”.
O filósofo Inglês John Locke é o fundador
do empirismo, a experiência para ele, não são as experiências de vida.
Experiência para ele são as nossas sensações (sentidos), o olfato, paladar, a visão,
audição e o tato. Cada um dos cinco sentidos leva informações para o nosso
cérebro.
Exemplo: Quando nascemos não sabemos o que é uma maçã, mas
formamos a ideia de maçã a partir dos sentidos. Vemos a sua cor, sentimos o seu
aroma, tocamos sua casca e mordemos a fruta. Cada uma dessas sensações simples
nos faz ter a ideia de maçã. A partir da sensação, há a reflexão. Dessa forma,
nossas ideias são um reflexo daquilo que nossos sentidos perceberam do mundo.
- "A mente humana para John Locke era como “uma folha em branco, que se preenchia apenas com a experiência”.
Existe o argumento de que “somos capazes de ter ideias de
coisas que nunca foram percebidas pelos nossos sentidos”, Locke argumenta
contra este tipo de crítica, pois mesmo ideias de seres mitológicos como
sereias, unicórnios e faunos são apenas junções de ideias que já tivemos
anteriormente. Uma sereia é a união da ideia de mulher e peixe. Um unicórnio é
a união da ideia de cavalo com a de chifre. Um fauno é a mistura de homem com
bode. Não há nada nessas ideias que não tenha sido conhecida previamente. Até
mesmo a ideia recente de alienígenas nada mais é do que a ideia de um homem deformado
(com cabeça e olhos maiores, corpo pequeno etc.)
Depois de Locke, o empirismo conheceu a reformulação feita
pelos Pensadores:
David
Hume (1711-1776). De
acordo com Hume, só existe o que percebemos. Todas as relações que fazemos
entre o que conhecemos não são conhecimentos verdadeiros. Podemos conhecer uma
bola e podemos conhecer um pé, porém se chutarmos uma bola não há nada que
confirme que a bola se move porque foi o pé que a moveu. Com isto, Hume critica
as ciências, pois trabalham com a ideia de causa e efeito. Essa relação de
causalidade (causa-efeito) é uma relação entre ideias e é, portanto, não
verdadeira. Tudo o que pensamos ser verdadeiro, como a causa do movimento da
bola, é imaginação.
George Berkeley (1685-1753)
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George
Berkeley (1685-1753). Para ele, o que conhecemos do mundo não é realmente o que
o mundo é. O mundo não é o que percebemos dele. Podemos perceber o mundo
através dos sentidos, mas não o conhecer de verdade.
Leonard Bloomfield (1887-1949)
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Leonard
Bloomfield (1887-1949) é
considerado o fundador da linguística estrutural norte-americana. Segundo Bloomfield, a ciência (linguística
como ciência) lida com a física observável. Devido a isso, a linguística
estrutural fundiu-se com a escola de psicologia, que está interessada no bem
agressivo e física observável. Esta escola é chamada behaviorismo.
PARA SABER MAIS:
Behaviorismo
Também chamado de Comportamentalismo e Psicologia
Comportamental, é um termo que abrange diversas teorias da psicologia
que tem como principal objeto de estudo o comportamento.
Essa escola de psicologia foi fundada por John
B. Watson baseada na crença de
que os comportamentos podem ser medidos, treinados e mudados. Behaviorismo
foi estabelecido com a publicação do trabalho clássico de Watson “A psicologia
como o behaviorista a vê” (1913).
John B. Watson, considerado o “pai” do
behaviorismo, disse o seguinte:
“Deem-me uma dúzia de crianças saudáveis, bem formadas, e um
ambiente para criá-las que eu próprio especificarei, e eu garanto que, tomando
qualquer uma delas ao acaso, prepará-la-ei para tornar-se qualquer tipo de
especialista que eu selecione – um médico, advogado, artista, comerciante e,
sim, até um pedinte e ladrão, independentemente dos seus talentos, pendores,
tendências, aptidões, vocações e raça de seus ancestrais”
– John Watson, Behaviorism (1930)
– John Watson, Behaviorism (1930)
O que exatamente significa o que Watson
disse?
Simplificando, os behavioristas rigorosos acreditavam
que todos os comportamentos foram resultado de condicionamento. Qualquer pessoa
poderia ser treinada para agir de uma maneira particular dado o condicionamento
correto.
Essa perspectiva da psicologia teve precedentes nomes
como Vladimir Mikhailovich Bechterev – o primeiro a propor uma Psicologia
cuja pesquisa se baseia no comportamento, em sua Psicologia
Objetiva – e Ivan Petrovich Pavlov– o
fisiologista russo responsável pelo condicionamento clássico.
Condicionamento clássico é uma
técnica utilizada na formação comportamental em que um estímulo que ocorre
naturalmente é emparelhado com uma resposta. Em seguida, um estímulo
anteriormente neutro é combinado com o estímulo de ocorrência natural.
Eventualmente, o estímulo neutro anteriormente vem para evocar a resposta sem a
presença do estímulo que ocorre naturalmente. Os dois elementos são então
conhecidos como o estímulo condicionado e a resposta condicionada.
Racionalismo
O Racionalismo é uma corrente filosófica
que atribui particular confiança à razão
humana, ao passo que acredita que é dela que se obtém os conhecimentos.
As raízes do
racionalismo se encontram nos escritos Platonistas e Neoplatonistas. No século
XVII, o racionalismo introduziu uma mudança de pensamentos singular: a ideia de
que os conceitos mentais mais importantes são inatos e que é por meio deles que
se deduzem as outras verdades.
Saber de onde
vinha o conhecimento era uma preocupação da filosofia. A tentativa de responder
a essa questão resulta no aparecimento de pelo menos duas correntes
filosóficas:
- · Racionalismo, que do latim ratio significa “razão”;
- · Empirismo, que do grego empeiria significa “experiência”.
A
doutrina do racionalismo alega que tudo o que existe tem uma causa inteligível,
ainda que essa causa não possa ser provada empiricamente. Ou seja, somente o
pensamento por meio da razão é capaz de atingir a verdade absoluta.
Assim,
o raciocínio lógico seria construído através da dedução de ideias, tal como os
conhecimentos de Matemática, por exemplo.
Racionalismo: afirmou-se o primado
da razão como elemento essencial do conhecimento.
Slobin
(1985) observa que as teorias atuais sobre aquisição da linguagem assumem que,
juntamente com as experiências, as crianças fazem uso de alguma forma de
capacidade inata. No entanto, embora essa capacidade inata seja consensual,
muito se discute sobre qual é a sua natureza. Pode-se dizer que são duas as
correntes inatistas: uma assume que o aprendizado da linguagem é independente
da cognição e de outras formas de aprendizado (conhecida como hipótese
gerativista ou inatista); e a outra assume que a linguagem é parte da cognição,
ou que o mecanismo responsável pelo aprendizado da linguagem é também
responsável por outras formas de aprendizado (são conhecidas como teorias
cognitivistas, construtivistas). P.220 (Introdução à linguística).
Os
principais filósofos racionalistas foram René Descartes, Baruch Espinoza e
Wihelm Leibniz.
Inatismo
Inatismo
é uma ideologia filosófica que
acredita ser o conhecimento de um indivíduo uma característica inata, ou
seja, que nasce com ele.
Nesta teoria, a ideia do
conhecimento desenvolvido a partir das aprendizagens e experiências individuais
de cada pessoa é desacreditado.
Para os defensores da teoria do
inatismo, todas as qualidades e capacidades básicas de conhecimento do ser
humano já estariam presentes na pessoa desde o seu nascimento.
Estas qualidades seriam transmitidas
através da hereditariedade. Em outras palavras, são características repassadas
de pais para filhos por meio da herança genética.
O pensamento inatista descarta a
possibilidade de aperfeiçoamento do ser humano, sendo que este não teria
capacidades de evoluir ou possibilidades de mudanças após o seu nascimento.
O indivíduo é visto como um ser
estático, que desde a sua origem já possui personalidade, crenças, hábitos,
valores e conduta social previamente definidos.
Esta teoria abre espaço para
ideologias que defendem a hierarquização social, ou seja, quando determinado
grupo de seres humanos, supostamente, seriam “naturalmente” mais inteligentes
ou aptos que outros.
Segundo o inatismo, a educação
deveria servir apenas para despertar a “essência” existente dentro de cada
indivíduo. Os professores são aconselhados a não interferirem muito no processo
de aprendizado dos seus alunos.
A partir daí o sucesso ou
fracasso depende exclusivamente do aluno, pois se este não consegue absorver ou
aprender determinado assunto ou ciência, a justificativa estava na falta da sua
capacidade genética de aptidão ou desempenho para aquela matéria.
Construtivismo
Piaget - biólogo,
psicólogo e epistemólogo.
|
O Construtivismo foi criado por Jean Piaget (1896 – 1980). Ele afirmava
que o conhecimento/aquisição da linguagem é construído em conjunção do ambiente
e interação social bem estruturada culturalmente com um mediador, ou seja, cada
pessoa desenvolve dentro de si seu próprio conhecimento de acordo com sua
experiência. Ele afirmava que a aquisição da linguagem/conhecimento é resultado
da interação entre a criança, um mediador e o mundo.
Os seguidores desse modelo também afirmavam que
os fatores internos do ser humano e o ambiente também ajudariam nesse
desenvolvimento, dia após dia a criança vai ganhando sua própria linguagem de
acordo com tais fatores. Sendo assim o conhecimento resultado dessa construção
do ser humano.
Buscam explicar como o ser humano desenvolve
seus conhecimentos na perspectiva do sujeito e nas informações que estão
constantemente construindo e se reconstruindo dentro do indivíduo.
Os estudos de Piaget foram focados nesse estudo
do desenvolvimento cognitivo do homem e certamente foram base para fundamentar
a teorias de aquisição do conhecimento. A Epistemologia Genética foi de
grande importância para a investigação da origem do conhecimento desde da
infância, assim poderíamos compreender as diversas estruturas cognitivas e seus
processos.
Para ele, o desenvolvimento da criança se dá
por meio de estágios, em que em cada um deles a criança começa a desenvolver
esquemas cognitivos que lhe ajudam a entender e compreender o mundo. De fato,
cada criança possui um ritmo diferente nesse desenvolvimento, além de que não é
possível pular as etapas.
Também é importante ressaltar que para o suíço,
o desenvolvimento cognitivo se dava por meios biológicos, ou seja, ele
acreditava que por meio de capacidades inatas de adaptação da criança na
aquisição do conhecimento, portanto Piaget entendia o cognitivo como uma
adaptação do indivíduo com o mundo ao seu redor. Esse
pensamento diz respeito sobre a relação do pensamento com o objeto, sendo que
essa capacidade cognitiva irá ajudar na construção do conhecimento de acordo
com o ambiente.
Cognitivismo
Esta proposta teórica, que vincula a linguagem à cognição,
foi desenvolvida a partir dos estudos de Jean Piaget. Piaget dá um grande valor
para a experiência, mas ele não é um empirista. Para ele, a criança constrói o
conhecimento baseado na experimentação com o mundo físico, na ação sobre o
ambiente e interação entre a criança e o mundo. Nos escritos sobre aquisição, o
termo interacionista é mais utilizado para os trabalhos que consideram o papel do
adulto nesse processo de aquisição.
Para Piaget, “os universais linguísticos são reflexos das
estruturas cognitivas universais; o conhecimento linguístico de uma criança em
um determinado momento reflete as estruturas cognitivas que foram desenvolvidas
antes e que determinam este conhecimento” (cf. Piaget & Inhelder 1976). Seu interesse não é pela linguagem por
si só, mas como porta para a
cognição.
Piaget propõe que o desenvolvimento cognitivo passa por
períodos, estágios: sensório-motor (zero
a dezoito meses), pré-operatório (dois a sete anos), operações concretas (sete
a doze anos) e operações formais. Os estágios piagetianos são universais
(gerais e invariáveis) provocando mudanças qualitativas no desenvolvimento. De
acordo com esse conceito de estágio, o desenvolvimento é descontínuo, uma vez
que os estágios são qualitativamente diferentes, mas contínuos, no que se
refere ao tempo em que ocorre (cf. Perroni 1994). As principais características
dos estágios são: a ordem de sucessão das aquisições é constante; as estruturas
construídas são parte integrante das estruturas seguintes, portanto,
cumulativas; a caracterização desses estágios é pela estrutura do conjunto e
não pela justaposição de propriedades estranhas; os estágios comportam um nível
de preparação e um nível de acabamento; eles têm processos de formação e formas
de equilíbrio passíveis de distinção.
São muitos os estudos sobre aquisição de linguagem numa abordagem
cognitivista. Uma questão deve ser colocada a todos: a noção de estágio. Como
foi mostrado, no começo deste subitem, o estágio é geral, invariável e
cumulativo. Isso significa que todas as crianças deveriam passar pelos mesmos
processos, e na mesma ordem, durante a aquisição da linguagem. No entanto, não
é isso que se encontra. Mesmo estudos que assumem estágios falam de variações
no processo de aquisição, ou de como crianças não passam por determinados
estágios.
Interacionismo
O
interacionismo leva em consideração o fator orgânico e ambiental, isto é,
aspectos objetivos e subjetivos na determinação do desenvolvimento do sujeito.
Os
interacionistas acreditam numa complexa combinação de influências que podem
favorecer o processo de aprendizagem. O ser humano não é compreendido como ser
passivo, mas, ao contrário, assume um papel ativo, utilizando-se dos objetos e
de suas significações para conhecer, aprender e consecutivamente, se
desenvolver. Nesta abordagem, aprendizagem e desenvolvimento se
inter-relacionam, se misturam e se completam, proporcionando ao indivíduo a
responsabilidade de sua aprendizagem. Segundo Davis (1990, p.36):
A concepção interacionista de desenvolvimento apoia-se na ideia de
interação entre o organismo e meio e vê a aquisição de conhecimento como um
processo de construído pelo indivíduo durante toda a sua vida, não estando
pronto ao nascer, nem ser adquirido passivamente graças às pressões do meio.
Vygotsky (1962)
também defende que o desenvolvimento da fala segue as mesmas leis, o mesmo
desenvolvimento que outras operações mentais. O autor, no entanto, chama a atenção
para a função social da fala, e daí a importância do outro, do interlocutor, no
desenvolvimento da linguagem. Os estudos de base interacionista apontam para o
papel do adulto como quem cria a intenção comunicativa, como o facilitador do
processo de aquisição. Assim como Piaget, Vygotsky estava interessado na
relação entre língua e pensamento.
As mesmas
críticas em relação à generalização de estágios aplicam-se aos estudos
interacionistas, ou seja, estes também propõem um caráter geral e invariável para
os estágios propostos, o que não se confirma nos dados. Para as propostas
construtivistas, fica ainda a questão de responder como a criança passa de
categorias cognitivas para categorias puramente linguísticas, no processo de
aquisição da linguagem.
Parabéns, pessoal! Ficou muito bom!!
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